A fonoaudiologia visa prevenir, habilitar ou reabilitar funções respiratórias, mastigatórias, deglutição e fala, visando um equilíbrio muscular.
A respiração propicia desenvolvimento do crânio e da face, além de possuir função vital ao corpo humano. Ela deve ser nasal, mas nem sempre isso é possível devido a alguns impedimentos.
Dentre eles podemos citar:
1. Aumento de amígdalas e adenóides
2. Rinite
3. Bronquite
4. Sinusite
Quando ocorre algum destes impedimentos, observa-se obstrução das vias aéreas superiores fazendo com que o indivíduo necessite respirar pela boca.
É importante interceptar a presença da respiração oral tão logo seja percebido o processo, encaminhando o paciente, sempre que possível, para o tratamento multidisciplinar.
Este tratamento compete ao alergista, otorrinolaringologista, dentista, ortodontista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
Os respiradores bucais apresentam características próprias :
* Apresenta face alongada, caracterizada pelo aumento da altura da metade inferior do esqueleto dentofacial;
* Apresenta olheiras devido à diminuição da drenagem linfática;
* Possui as asas do nariz hipodesenvolvidas;
* Apresenta mau hálito;
* À noite, seu sono é agitado, baba e ronca;
* É sonolento, apresenta, muitas vezes, déficit de atenção, concentração e dificuldade de aprendizagem devido à falta de oxigenação no cérebro;
* Apresenta rendimento físico diminuído;
* É inapetente, porque o ato de se alimentar gera esforço e cansaço;
* Prefere líquidos e pastosos, porque não requerem trabalho mastigatório;
* Na criança, a respiração oral reduz o estímulo de crescimento do terço médio da face, levando à formação de palato em ogiva, hipodesenvolvimento lateral da arcada dentária superior, com conseqüente aumento ântero-posterior da mesma e protrusão dos dentes;
* Apresenta postura corporal incorreta;
Podemos observar que os efeitos da respiração oral são bastante nocivos e podem deixar seqüelas na musculatura e nas funções de mastigação, deglutição e fala. A musculatura dos lábios, língua e bochechas torna-se flácidas e por isso, essas estruturas funcionarão de maneira inadequada e menos eficiente nas funções de mastigação, deglutição e fala.
O indivíduo que respira pela boca não consegue vedar os lábios devido ao tônus dos mesmos estar diminuído ou devido à oclusão dentária que não possibilita o vedamento labial. Às vezes, a mastigação pode apresentar-se unilateral, o que pode causar mordidas cruzadas; a deglutição será atípica, isto é, com projeção de língua entre as arcadas dentárias; a fala poderá estar alterada devido à hipotonia dos órgãos fonoarticulatórios e ao posicionamento incorreto de língua.
Nestes casos, o tratamento fonoaudiológico tem como objetivo, principalmente, a conscientização por parte da família da necessidade da adequação da respiração. Em um segundo momento, o trabalho muscular necessário será realizado através de exercícios que adequarão a tonicidade e postura dos órgãos fonoarticulatórios, além de adequar as funções de mastigação, deglutição e fala.
O respirador oral quase sempre apresenta algum tipo de alteração dentária a qual denomina-se má oclusão que pode ser biprotrusão de arcadas dentárias, mordida aberta, mordida cruzada, classe II, entre outras.
Então, o indivíduo necessitará, em determinado momento, do tratamento ortodôntico que, provavelmente, será realizado em conjunto com o fonoaudiológico.
É importante ressaltar que alguns pacientes pós-tratamento com otorrino e/ou alergista, que não apresentam mais impedimento orgânico para a respiração nasal, mas continuam sendo respiradores orais (respiração oral por hábito), também deverão realizar terapia fonoaudiológica a fim de aprenderem a utilizar o nariz para respirar.
Pode ser revertido o quadro da respiração oral possibilitando melhores condições de vida futura ao paciente através do tratamento multidisciplinar .